No próximo sábado, dia 14 de outubro, o segundo sábado do mês, nove Estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil serão agraciados com um espetáculo celestial: um eclipse anular do Sol. Esse fenômeno astronômico não se restringirá apenas ao Brasil, mas será visível também em outros países.
Contudo, é crucial destacar que a observação direta do Sol durante esse evento apresenta riscos significativos para a visão humana. Portanto, sair às ruas e encarar o Sol diretamente, mesmo em dias sem eclipse solar, é desaconselhável, e isso inclui o uso de óculos de sol.
O eclipse anular ocorre quando a Lua se posiciona entre a Terra e o Sol, cobrindo a maior parte do disco solar e deixando apenas um anel brilhante ao redor da borda. Este fenômeno acontece quando a Lua está em seu apogeu, o ponto mais distante da Terra em sua órbita, e parece menor do que o Sol no céu. O último eclipse anular do Sol, que ocorreu em junho de 2021, não foi visível no Brasil, mas o próximo está previsto para 2 de outubro de 2024.
O Observatório Nacional, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, informa que o eclipse do próximo dia 14 começará por volta das 15h, horário de Brasília. Em colaboração com entidades estrangeiras, o Observatório transmitirá o fenômeno pelo YouTube a partir das 11h30, possibilitando a observação não apenas no Brasil, mas em outros países.
O evento terá início na costa oeste dos Estados Unidos às 11h30, horário de Brasília, e percorrerá a América Central, Colômbia e alcançará o Brasil por volta das 15h, continuando até o pôr do sol, aproximadamente às 18h, horário de Brasília. A faixa de anularidade, onde o “anel de fogo” será visível, atravessará nove Estados brasileiros: Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Tocantins, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. As únicas capitais a testemunhar a anularidade serão Natal (Rio Grande do Norte) e João Pessoa (Paraíba), enquanto o restante do país terá a oportunidade de ver um eclipse parcial.
Quanto à segurança na observação, é imperativo não olhar diretamente para o Sol, mesmo com o uso de películas de raio-x, óculos escuros ou improvisações caseiras, pois a exposição ao Sol, mesmo por poucos segundos, pode causar danos à retina. A observação direta pode ser feita com instrumentos adaptados para esse fim, preferencialmente utilizando filtros, como o filtro de soldador número 14 ou superior (ISO 12312-2). Observar o Sol com instrumentos ópticos como binóculos ou telescópios só é permitido sob a orientação de astrônomos que conhecem os filtros adequados.
Existe também a opção da observação indireta, que envolve a projeção do eclipse, garantindo uma experiência segura.
A raridade dos eclipses solares é explicada pelos movimentos orbitais da Lua e da Terra. A Lua, com uma inclinação de aproximadamente 5 graus em relação ao plano da Terra com o Sol, atravessa o plano orbital da Terra apenas duas vezes por ano, tornando o eclipse solar um fenômeno relativamente escasso. Se a Lua estivesse no mesmo plano da órbita terrestre, teríamos eclipses todos os dias de Lua Nova. Além disso, a velocidade da sombra lunar ao cobrir a Terra durante um eclipse total é cerca de 1.800 km/h, limitando a duração desse fenômeno a cerca de 7 minutos e 40 segundos.
A distância entre a Lua e a Terra influencia a quantidade de luz solar interceptada, determinando a largura da penumbra e da escuridão total. Durante um eclipse total do Sol, o céu escurece significativamente, assemelhando-se ao início da noite, e estrelas mais brilhantes tornam-se visíveis. À medida que a Lua continua sua órbita, o Sol é gradualmente revelado, e a luz solar volta a iluminar a Terra.
A frequência dos eclipses solares depende da posição relativa dos planos orbitais da Lua e da Terra, da posição da Lua ao longo de sua órbita em relação aos pontos nodais e da distância entre a Terra e a Lua. Esses fatores influenciam a órbita da Terra em torno do Sol e a órbita da Lua em torno da Terra, determinando a periodicidade dos eclipses solares. Em média, podem ocorrer no mínimo 2 eclipses solares e 2 lunares, 3 eclipses solares e 2 lunares, ou 4 eclipses solares em um ano. Para que um eclipse total do Sol ocorra novamente no mesmo local, são necessários aproximadamente 360 anos.